Por Luiz Carlos Bordin
Secom MT
A Justiça de Mato Grosso determinou o bloqueio de mais de R$ 22 milhões e o sequestro de dezenas de bens de 16 servidores públicos e empresários investigados por envolvimento em um esquema de desvio de recursos em contratos para perfuração de poços artesianos. A decisão foi expedida pela juíza Edna Ederli Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais (NIPO), com base em investigações da Operação Poço Sem Fundo, conduzida pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor).
Entre os alvos da operação estão o ex-deputado estadual Wagner Ramos (União), que atuava como diretor administrativo da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), o ex-presidente da empresa pública Juliano Jorge Boraczynski e o diretor técnico Francisco Holanildo Silva Lima. Wagner se pronunciou negando envolvimento nas irregularidades e declarou confiar no processo legal para provar sua inocência. A defesa dos demais envolvidos ainda não se manifestou.
A operação, deflagrada em 8 de maio, apura fraudes cometidas entre 2020 e 2023 por servidores da Metamat, com a participação de ao menos oito empresas. Os contratos investigados previam a instalação de poços artesianos para fornecimento de água potável a comunidades rurais, mas auditorias da Controladoria-Geral do Estado (CGE) revelaram uma série de irregularidades.
Entre as constatações, foram identificados poços que sequer foram construídos, obras com estruturas inadequadas, e em alguns casos, moradores que precisaram improvisar formas de acesso à água. Além disso, foram localizados poços em propriedades privadas, como garimpos, plantações e granjas, inclusive em áreas urbanas — contrariando o objetivo dos projetos.
A Justiça determinou também o sequestro de 49 imóveis e 79 veículos dos envolvidos, além da suspensão de pagamentos e contratos das empresas com o poder público. Os investigados estão temporariamente proibidos de ocupar cargos na administração pública.
Os crimes apurados incluem peculato, falsidade ideológica, fraude em licitação, contratação ilegal, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Segundo a Polícia Civil, os mandados foram cumpridos em cidades como Cuiabá, Várzea Grande e Tangará da Serra, totalizando 30 ordens de busca e apreensão.
As investigações continuam para identificar todos os beneficiários do esquema e dimensionar o prejuízo real aos cofres públicos.