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A reconfiguração do Legislativo aprovada nesta quarta-feira (26) no Congresso beneficiará diretamente Mato Grosso, que verá sua bancada federal saltar de 8 para 10 deputados e sua Assembleia Legislativa ganhar seis novos assentos, totalizando 30 parlamentares estaduais a partir das eleições do ano que vem para tomar posse em janeiro de 2027. A medida foi justificada pelo crescimento populacional detectado no Censo de 2022, mas tem gerado críticas intensas por seu potencial de inflar ainda mais os gastos públicos.
Embora o estado tenha, de fato, experimentado crescimento nos últimos anos — tanto populacional quanto econômico —, o aumento de cadeiras ocorre num momento de forte cobrança da sociedade por austeridade e eficiência na gestão pública. A ampliação da estrutura legislativa implicará custos adicionais com salários, verbas de gabinete, assessores, estrutura física e benefícios, tanto em nível federal quanto estadual.
No caso da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, o acréscimo de seis deputados representa não apenas mais cadeiras no plenário, mas também mais cargos comissionados e maior demanda por recursos públicos. Especialistas alertam que o impacto fiscal pode ser ainda mais significativo do que o estimado nacionalmente, considerando as despesas associadas a gabinetes, auxílio-moradia, viagens e emendas parlamentares.
A proposta aprovada substitui a antiga regra de distribuição de cadeiras baseada no Censo de 1986, e segue uma determinação do STF que exigiu atualização conforme o novo levantamento do IBGE. Contudo, ao invés de apenas redistribuir vagas já existentes entre os estados, o Congresso optou por aumentar o número total de deputados, inflando a máquina pública.
Em Mato Grosso, a expectativa agora se volta para as eleições de 2026, quando as novas vagas começarão a valer. No entanto, o crescimento da bancada estadual e federal não garante, por si só, uma melhora na qualidade da representação política. Para muitos, o aumento de cadeiras parece mais uma manobra para acomodar interesses partidários e ampliar poder político do que uma resposta real às necessidades da população.