Por Luiz Carlos Bordin
Agencia Brasil
Após a China, a União Europeia e a Argentina anunciaram a suspensão temporária das importações de carne de frango do Brasil. A medida ocorre em resposta à confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no país, localizada no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.
Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, o vírus detectado é da variedade H5N1, de alta patogenicidade. Apesar da gravidade sanitária, o governo federal reforça que não há risco para o consumo humano de carne ou ovos.
"O risco não está no consumo, mas na possível disseminação do vírus entre plantéis comerciais", afirmou o ministro Carlos Fávaro.
O Brasil ocupa posição de destaque no setor: é o maior exportador mundial de carne de frango e o terceiro maior produtor. Além da China, que lidera a lista de compradores, Emirados Árabes Unidos e Japão também figuram entre os principais destinos das exportações brasileiras, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Conforme explicou Marcel Moreira, secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, os embargos fazem parte de acordos sanitários que preveem bloqueios automáticos em caso de detecção de doenças em granjas comerciais.
“É o próprio Brasil quem aciona essas suspensões de forma imediata, como forma de manter a confiança internacional em nossos produtos”, explicou Moreira.
Os acordos variam de país para país. Enquanto alguns, como Japão e Emirados Árabes, aplicam restrições apenas a regiões específicas, como o município afetado, outros impõem bloqueios mais amplos. No caso da Argentina, o protocolo prevê paralisação da compra de frangos produzidos em um raio de até 10 km do foco. No entanto, o país vizinho optou por uma suspensão mais abrangente, sem especificar limites geográficos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), o Brasil poderá retomar o status sanitário de livre de gripe aviária em granjas comerciais após 28 dias da desinfecção do local afetado, desde que não surjam novos focos no período.
“Estamos monitorando de forma intensa. Se não houver novos casos, iniciaremos a negociação para reabertura dos mercados”, informou Moreira.
O foco identificado em Montenegro é o primeiro do tipo em granjas comerciais no Brasil. Antes disso, todos os registros da doença se restringiam a aves silvestres ou de subsistência. Em 2023, o governo já havia declarado emergência zoossanitária devido à presença do vírus em aves migratórias.
A gripe aviária H5N1 é uma doença que circula globalmente há décadas, com impactos severos em vários países. Nos Estados Unidos, surtos recentes levaram ao sacrifício em massa de aves e ao aumento expressivo no preço dos ovos, o que fez o país ampliar suas importações de alimentos, inclusive do Brasil.