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Justiça converte reintegração de posse em desapropriação de fazenda em São José dos Quatro Marcos


A Justiça de Mato Grosso decidiu converter uma ação de reintegração de posse em desapropriação judicial da Fazenda Nazaré, área de 1.224 hectares em São José dos Quatro Marcos, reconhecendo a consolidação de um assentamento que abriga mais de 150 famílias há quase duas décadas.

Por Luiz Carlos Bordin

Justiça converte reintegração de posse em desapropriação de fazenda em São José dos Quatro Marcos

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A Justiça de Mato Grosso determinou a transformação de uma ação de reintegração de posse em processo de desapropriação indireta de uma fazenda de 1.224 hectares, localizada no município de São José dos Quatro Marcos. A decisão foi tomada pela juíza Adriana Sant’Anna Coningham, da Segunda Vara Especializada em Direito Agrário de Cuiabá.

O imóvel, conhecido como Fazenda Nazaré, foi adquirido em 1992 pelo francês Armando Lerco, que afirmou ter convertido a área em uma propriedade produtiva e modelo para a região. Porém, em 1996, a fazenda passou a sofrer ocupações, o que resultou, com o passar dos anos, na consolidação de um assentamento informal. Atualmente, mais de 150 famílias vivem no local, que já conta com rede elétrica, escola, posto de saúde, igrejas e associação comunitária.

Na decisão, a magistrada reconheceu que o direito de posse do proprietário original estava comprovado, mas considerou inviável a reintegração de posse devido à consolidação da comunidade ao longo de quase duas décadas. Diante desse cenário, optou por aplicar o instituto da desapropriação indireta.

Com a medida, os atuais ocupantes não serão retirados, mas terão de indenizar o antigo dono pelo valor da terra. O montante ainda será estabelecido na fase de liquidação de sentença. Após o pagamento, a propriedade será transferida legalmente aos moradores.

Entretanto, quem não efetuar o pagamento da indenização poderá perder o lote, que será devolvido ao proprietário original ou a seus herdeiros. Dessa forma, a decisão assegura compensação financeira ao investidor francês e, ao mesmo tempo, reconhece a função social da área ocupada, hoje denominada Assentamento Irmã Dorothy.